sexta-feira, 30 de abril de 2010

Noite

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A mesma coisa, dita de outra maneira. Aqui: Jacarandá.


Regressei à Buchholz, onde sempre gostei muito de ir, para ver e comprar livros que não via em mais lado nenhum e, confesso, para de certa forma fazer parte daquele anacronismo a que nos obrigam o tempo lento e os gestos que já não se usam (imprimir a factura em duas folhas A4 num balcão, descer as escadas, pagar noutro balcão, carimbo, dobra a folha, põe no saco).
Mas, claro que do que gostava mais era dos livros que não se viam em mais lado nenhum como uma gigantesca e caríssima edição completa das Memórias de Casanova que lá vi durante anos e que um dia havia de comprar. E mais coisas, muito mais coisas.
Agora, as velhas madeiras brilham e o sitio está bonito.
Mas, eu preferia o prenúncio de morte que o chão gasto e o tempo lento das duas facturas em folha A4 representavam, e estantes e estantes cheias dos clássicos em edições mais caras ou mais baratas ou de livros de arte que não encontrava em mais lado nenhum e não vazias, como os meus olhos as veem agora.
Agora, acabou mesmo. 

Coisas que se encontram nas velhas livrarias



Este, comprei-o na Sá da Costa. Uma parte do índice:

terça-feira, 27 de abril de 2010


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cultura não subsidiada pelo Estado, é assim: Reducing salaries for Cultural Executives in New York.

E assim: Major Earners in the Cultural World.
Daumier, no Corcoran

domingo, 25 de abril de 2010

Domingo, meio da tarde. Descanso à sombra.
Fotografia minha, de uma fotografia de Alfredo Cunha, com o título "Cais das Colunas, Revolução de 25 de Abril, 1974, exposta no Padrão dos Descobrimentos na exposição "Lisboa à beira Tejo".

sábado, 24 de abril de 2010

Antecipação

Lourdes Castro

Esta semana ...

... a moda Primavera (à direita)/Verão (à esquerda) instalou-se nas montras,


houve distribuição de papoilas no escritório,


e um homem disfarçado tentou entrar no meu gabinete.


No PORTO


Estudei muito anos com um quadro de Nadir à minha frente. Por isso, é como se fossemos amigos.

Sábado de manhã

Pierre Bonnard
La femme au chat

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Portugal




Caderno de campo nº 51, relativo a viagens em Portugal, de 1958 a 1965.

Fotografia de Duarte Belo; © dos originais Suzanne Daveau


"Orlando Ribeiro (1911-1997), geógrafo português do século XX com maior projecção internacional, foi uma figura marcante do seu tempo, não só como professor e investigador que renovou a Geografia em Portugal, mas também como personalidade com uma invulgar intervenção cívica e cultural, ampla pela diversidade dos interesses intelectuais que a sua obra revela, inovadora pela sua visão integrada, espírito humanista e capacidade de síntese, precisamente numa época em que a evolução das técnicas de estudo e investigação mais favoreciam uma cultura científica de especialização, que ele dizia feita de “relações isoladas em espaços teóricos e abstractos”.
A entrega em depósito do espólio de Orlando Ribeiro à Biblioteca Nacional de Portugal, onde integrará o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, significa um renovado reconhecimento da sua obra e personalidade, e a vontade, por parte do Centro de Estudos Geográficos e dos testamentários, de preservar e colocar o seu importante legado ao serviço da cultura e da investigação."


Uma “colagem” com um título curioso:


A autora é esta: Janet Malcom.

E aqui está uma boa razão para a ler:


Alguém que também pensa:

Tony Judt

E pensa isto (se não se concorda com tudo o que pensa, penso que este excerto não permite hesitações):


Cartoons

Por causa do World Press Cartoon, lembrei-me disto:




 

Ver aqui.

Aniversário

O Boião não era Boião nem era nada se se esquecesse de Mark Twain.


Aqui, "o" arquivo.

Mitologia


10 Mitos que vale a pena desfazer, via De Rerum Natura.
Em Portugal, Ryskamp não teria sucesso. Ora vejam:

 


Obituário





 E



Este olhar também é o meu:





Uma das minhas coisas preferidas no Público: cegonhas, embora confesse que a devassa da intimidade, mesmo das cegonhas, me perturba um bocadinho...
As da fotografia, apanhei-as outro dia, ali para os lados de Santarém.

Dia Mundial do Livro

LIVROS
(Natureza morta, de autor anónimo, presente na Exposição sobre o tema na Fundação Gulbenkian)

Aqui no Boião é sempre Dia Mundial do Livro.Por isso, hoje, fico sem saber o que fazer.
Escondo-me aqui nesta biblioteca, pronto:

“Jacinto atirou uma exclamação impaciente: - Oh, estas penas eléctricas!... Que seca! Amarrotara com cólera a carta começada - eu escapei, respirando, para a Biblioteca. Que majestoso armazém dos produtos do Raciocínio e da Imaginação! Ali jaziam mais de trinta mil volumes, e todos decerto essenciais a uma cultura humana. Logo à entrada notei, em ouro numa lombada verde, o nome de Adam Smith. Era pois a região dos Economistas. Avancei - e percorri, espantado, oito metros de Economia Política. Depois avistei os Filósofos e os seus comentadores, que revestiam toda uma parede, desde as escolas Pré-socráticas até às escolas Neopessimistas. Naquelas pranchas se acastelavam mais de dois mil sistemas - e que todos se contradiziam. Pelas encadernações logo se deduziam as doutrinas: Hobbes, em baixo, era pesado, de couro negro; Platão, em cima, resplandecia, numa pelica pura e alva. Para diante começavam as Histórias Universais. Mas aí uma imensa pilha de livros brochados, cheirando a tinta nova e a documentos novos, subia contra a estante, como fresca terra de aluvião tapando uma riba secular. Contornei essa colina, mergulhei na secção das Ciências Naturais, peregrinando, num assombro crescente, da Orografia para a Paleontologia, e da Morfologia para a Cristalografia. Essa estante rematava junto de uma janela rasgada sobre os Campos Elísios. Apartei as cortinas de veludo - e por trás descobri outra portentosa rima de volumes, todos de História Religiosa, de Exegese Religiosa, que trepavam montanhosamente até aos últimos vidros, vedando, nas manhãs mais cândidas, o ar e a luz do Senhor.

Mas depois rebrilhava, em marroquins claros, a estante amável dos Poetas. Como um repouso para o espírito esfalfado de todo aquele saber positivo, Jacinto aconchegara ali um recanto, com um divã e uma mesa de limoeiro, mais lustrosa que um fino esmalte, coberta de charutos, de cigarros do Oriente, de tabaqueiras do século XVIII. Sobre um cofre de madeira lisa pousava ainda, esquecido, um prato de damascos secos do Japão. Cedi à sedução das almofadas; trinquei um damasco, abri um volume; e senti estranhamente, ao lado, um zumbido, como de um insecto de asas harmoniosas. Sorri à ideia que fossem abelhas, compondo o seu mel naquele maciço de versos em flor. Depois percebi que o sussurro remoto e dormente vinha do cofre de mogno, de parecer tão discreto. Arredei uma Gazeta de França; e descortinei um cordão que emergia de um orifício, escavado no cofre, e rematava num funil de marfim. Com curiosidade, encostei o funil a esta minha confiada orelha, afeita à singeleza dos rumores da serra. E logo uma voz, muito mansa, mas muito decidida, aproveitando a minha curiosidade para me invadir e se apoderar do meu entendimento, sussurrou capciosamente:
-...«E assim, pela disposição dos cubos diabólicos, eu chego a verificar os espaços hipermágicos!...»
Pulei, com um berro. - Oh Jacinto, aqui há um homem! Está aqui um homem a falar dentro de uma caixa!
O meu camarada, habituado aos prodígios, não se alvoroçou:
- É o Conferençofone... Exactamente como o Teatrofone; somente aplicado às escolas e às conferências. Muito cómodo!... Que diz o homem, Zé Fernandes?
Eu considerava o cofre, ainda esgazeado: - Eu sei! Cubos diabólicos, espaços mágicos, toda a sorte de horrores... Senti dentro o sorriso superior de Jacinto: - Ah, é o coronel Dorcas... Lições de Metafísica Positiva sobre a Quarta Dimensão... Conjecturas, uma maçada! Ouve lá, tu hoje jantas comigo e com uns amigos, Zé Fernandes?”


Esta é a biblioteca dos meus sonhos, por causa do Conferençofone.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Bem sei que a repetição se aproxima da idolatria,
 mas não me importo de idolatrar esta Helena.
(a notícia é do Diário de Notícias)


Eu, tenho terra.

No dia da Terra exibimos parte da colecção privada
cá de casa ao estimável público.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Aprendendo


terça-feira, 20 de abril de 2010

Vulcão


Por aqui também passou um vulcão.

E foi assim:

"At Stabiae, on the other side of the bay formed by the gradually curving shore, Pomponianus had loaded up his ships even before the danger arrived, though it was visible and indeed extremely close, once it intensified. He planned to put out as soon as the contrary wind let up. That very wind carried my uncle right in, and he embraced the frightened man and gave him comfort and courage. In order to lessen the other's fear by showing his own unconcern he asked to be taken to the baths. He bathed and dined, carefree or at least appearing so (which is equally impressive). Meanwhile, broad sheets of flame were lighting up many parts of Vesuvius; their light and brightness were the more vivid for the darkness of the night. To alleviate people's fears my uncle claimed that the flames came from the deserted homes of farmers who had left in a panic with the hearth fires still alight. Then he rested, and gave every indication of actually sleeping; people who passed by his door heard his snores, which were rather resonant since he was a heavy man. The ground outside his room rose so high with the mixture of ash and stones that if he had spent any more time there escape would have been impossible. He got up and came out, restoring himself to Pomponianus and the others who had been unable to sleep. They discussed what to do, whether to remain under cover or to try the open air. The buildings were being rocked by a series of strong tremors, and appeared to have come loose from their foundations and to be sliding this way and that. Outside, however, there was danger from the rocks that were coming down, light and fire-consumed as these bits of pumice were. Weighing the relative dangers they chose the outdoors; in my uncle's case it was a rational decision, others just chose the alternative that frightened them the least.

They tied pillows on top of their heads as protection against the shower of rock. It was daylight now elsewhere in the world, but there the darkness was darker and thicker than any night. But they had torches and other lights. They decided to go down to the shore, to see from close up if anything was possible by sea. But it remained as rough and uncooperative as before. Resting in the shade of a sail he drank once or twice from the cold water he had asked for. Then came an smell of sulfur, announcing the flames, and the flames themselves, sending others into flight but reviving him. Supported by two small slaves he stood up, and immediately collapsed. As I understand it, his breathing was obstructed by the dust-laden air, and his innards, which were never strong and often blocked or upset, simply shut down. When daylight came again 2 days after he died, his body was found untouched, unharmed, in the clothing that he had had on. He looked more asleep than dead."

 (A morte de Plínio)

(Também tenho um excerto em Português neste livro, mas ímpossivel de digitalizar, por isso vai em inglês...)

domingo, 18 de abril de 2010

Vulcão


Quando se fala em vulcões, tenho o meu manual.