Sintra
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Images
I
Like a gondola of green scented fruits
Drifting along the dank canals of Venice,
You, O exquisite one,
Have entered into my desolate city.
II
The blue smoke leaps
Like swirling clouds of birds vanishing.
So my love leaps forth toward you,
Vanishes and is renewed.
III
A rose-yellow moon in a pale sky
When the sunset is faint vermilion
In the mist among the tree-boughs
Art thou to me, my beloved.
IV
A young beech tree on the edge of the forest
Stands still in the evening,
Yet shudders through all its leaves in the light air
And seems to fear the stars—
So are you still and so tremble.
V
The red deer are high on the mountain,
They are beyond the last pine trees.
And my desires have run with them.
VI
The flower which the wind has shaken
Is soon filled again with rain;
So does my heart fill slowly with tears,
O Foam-Driver, Wind-of-the-Vineyards,
Until you return.
Richard Aldington
Like a gondola of green scented fruits
Drifting along the dank canals of Venice,
You, O exquisite one,
Have entered into my desolate city.
II
The blue smoke leaps
Like swirling clouds of birds vanishing.
So my love leaps forth toward you,
Vanishes and is renewed.
III
A rose-yellow moon in a pale sky
When the sunset is faint vermilion
In the mist among the tree-boughs
Art thou to me, my beloved.
IV
A young beech tree on the edge of the forest
Stands still in the evening,
Yet shudders through all its leaves in the light air
And seems to fear the stars—
So are you still and so tremble.
V
The red deer are high on the mountain,
They are beyond the last pine trees.
And my desires have run with them.
VI
The flower which the wind has shaken
Is soon filled again with rain;
So does my heart fill slowly with tears,
O Foam-Driver, Wind-of-the-Vineyards,
Until you return.
Richard Aldington
sábado, 28 de agosto de 2010
Não posso deixar de partilhar isto, que apanhei nas Amoreiras, convosco:
Gin Tónico enlatado.
Gin Tónico enlatado? Não me sai da cabeça…..
Qualquer dia vendem-me as cigarrilhas já fumadas.
Gin Tónico enlatado.
Gin Tónico enlatado? Não me sai da cabeça…..
Qualquer dia vendem-me as cigarrilhas já fumadas.
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Gin Tónico
Ainda por falar em terra, e porque é tempo de ir para ass eiras malhar o milho, deixo-vos aqui esta imagem de Massamá (zona agora muito em voga) como era no Século XIX, por Silva Porto:
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Silva Porto; Massamá
Ah pois, este Boião hoje está cheio de palavras. Não precisam de as ler todas hoje para não sofrerem de tonturas. Guardem-nas, elas não fogem nem se gastam. Ora vejam estas, tão vivas e frescas como se acabassem de ser escritas:
Eça de Queirós, sobre Disraeli, na sua morte, aqui neste livrinho que me caiu de dentro de um jornal:
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Eça de Queirós
Voltando à civilização:
e jorra de repente com o ímpeto do início
O tempo não passou ou só a consciência
que provisoriamente sinto de voltar alguns anos atrás
a sensação que sei de reflectir sobre esse tempo
de ser um espectador de sucessivos sucedidos dias
de não viver apenas não viver sem sequer saber que vivo
num espaço demarcado onde as coisas e os homens
eram tanto que eram simplesmente
só essa consciência e sensação me fazem suspeitar
de que passou o tempo que nunca passou
O adro o fim da tarde o jogo do chinquilho
o ruído das malhas os paulitos
o sol poente sobre si redondo como simples
malha atirada por alguém pelo espaço do dia
e prestes a cair no mar como nas tábuas
o gesto perdulário e impensado de jogar
a malha como quem num gesto joga a vida
as silhuetas hirtas dos que assistem
de boné ou barrete na cabeça e mãos nos bolsos
tudo se passa aqui ali há trinta e cinco anos
como se aqui ninguém houvesse envelhecido
nem sofrido ou morrido ou suportado
toda a imensa fome requerida para produzir um rico
como se aqui ninguém tivesse demandado
longe de aqui o seu país noutros países
Tudo é o mesmo adro a mesma tarde o mesmo jogo
Até este café onde sentado olho e penso por olhar
é afinal o mesmo onde bebi a meias com meu pai
a primeira cerveja uma cerveja vinda
através do calor do dia de verão
nesse cesto de vime nesse poço mergulhado
É o mesmo o sabor que sempre sinto nesta boca
há muitos anos já mordendo o vinho o pão a vida
o sabor das mulheres das raparigas
inacessíveis sempre como um absoluto
sempre impossível tido no entanto por possível
o sabor da derrota ou o sabor da terra
sensível dia a dia nos meus dedos
e um dia susceptível de me encher a boca para sempre
Envelheci eu sei e só ganhei
o que perdi. Sou de uma adulta idade
E entretanto tudo a noite rodeou e o jogo acabou
e pelo céu do tempo houve um homem que passou
ou uma certa malha arremessada por acaso à vida
e viva na precária trajectória antes de caída.
Vá lá, percam tempo a ler esta explicação sobre o livro:
E sintam a terra, ou pelo menos, pensem nela, lembrem-se dela, aqui no alto com os pezinhos assentes no chão, mas bem longe da terra e, ás vezes, longe dos homens:
O livro fala-nos do que já sabemos e conhecemos, mas organiza tudo isso e estrutura-nos a nós como pessoas e como Portugueses.
Do Sabor da Terra fala-nos aqui Ruy Belo:
Renasce neste largo a minha infância
a minha vida tem aqui nova nascentee jorra de repente com o ímpeto do início
O tempo não passou ou só a consciência
que provisoriamente sinto de voltar alguns anos atrás
a sensação que sei de reflectir sobre esse tempo
de ser um espectador de sucessivos sucedidos dias
de não viver apenas não viver sem sequer saber que vivo
num espaço demarcado onde as coisas e os homens
eram tanto que eram simplesmente
só essa consciência e sensação me fazem suspeitar
de que passou o tempo que nunca passou
O adro o fim da tarde o jogo do chinquilho
o ruído das malhas os paulitos
o sol poente sobre si redondo como simples
malha atirada por alguém pelo espaço do dia
e prestes a cair no mar como nas tábuas
o gesto perdulário e impensado de jogar
a malha como quem num gesto joga a vida
as silhuetas hirtas dos que assistem
de boné ou barrete na cabeça e mãos nos bolsos
tudo se passa aqui ali há trinta e cinco anos
como se aqui ninguém houvesse envelhecido
nem sofrido ou morrido ou suportado
toda a imensa fome requerida para produzir um rico
como se aqui ninguém tivesse demandado
longe de aqui o seu país noutros países
Tudo é o mesmo adro a mesma tarde o mesmo jogo
Até este café onde sentado olho e penso por olhar
é afinal o mesmo onde bebi a meias com meu pai
a primeira cerveja uma cerveja vinda
através do calor do dia de verão
nesse cesto de vime nesse poço mergulhado
É o mesmo o sabor que sempre sinto nesta boca
há muitos anos já mordendo o vinho o pão a vida
o sabor das mulheres das raparigas
inacessíveis sempre como um absoluto
sempre impossível tido no entanto por possível
o sabor da derrota ou o sabor da terra
sensível dia a dia nos meus dedos
e um dia susceptível de me encher a boca para sempre
Envelheci eu sei e só ganhei
o que perdi. Sou de uma adulta idade
E entretanto tudo a noite rodeou e o jogo acabou
e pelo céu do tempo houve um homem que passou
ou uma certa malha arremessada por acaso à vida
e viva na precária trajectória antes de caída.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Leituras
Mergulhar neste mar que morre lentamente e que é espelho e testemunha de tanta, tanta história e História, foi um dos meus melhores mergulhos de férias. Conto-vos algumas coisas que ali li mais tarde.
Etiquetas:
Black Sea; Neal Ascherson
Bom, vamos a sintonizar:
Um JORNAL
Julgo que é a primeira vez que o Jornal de Letras é mencionado aqui no Boião. O motivo é óbvio, o nosso bem amado Tolstoi. Vem a calhar. (Tolstoi, vem sempre a calhar) Neste caso porque queria aqui dar nota deste livro que, dificilmente lhe atribuiríamos e que nos lembra porque é que regressamos de férias:
De que nos fala? Disto:
Digam lá se não é moderno?
Regresso de férias
Há mais de meia hora
Que estou sentado à secretária
Com o único intuito
De olhar para ela.
(Estes versos estão fora do meu ritmo.
Eu também estou fora do meu ritmo).
Tinteiro grande à frente.
Canetas com aparos novos à frente.
Mais para cá papel muito limpo.
Ao lado esquerdo um volume da «Enciclopédia Britânica».
Ao lado direito —
Ah, ao lado direito!
A faca de papel com que ontem
Não tive paciência para abrir completamente
O livro que me interessava e não lerei.
Quem pudesse sintonizar tudo isto!
Álvaro de Campos
Etiquetas:
Intimacy,
Pierre Bonnard
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Pela manhã
Verdi fora do seu elemento natural, mas como peixe na água.
Ouvindo-se percebe-se o paradoxo.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Tempo de figos
Quando era pequenina e a minha avó queria que eu ficasse sossegada, muito quiteinha, prendia-me a uma figueira, com uma linha de costura branca. Achava graça que a minha avó me prendesse assim. Agradava-me aquela prisão quase metafórica. E essa linha, que era de autoridade mas também de cumplicidade, uniu-nos a vida toda.
Lembrança a propósito de um prato de figos, os primeiros do ano.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Augúrio
Na casa desmantelada, no último monte de livros, no mais improvável dos sítios, vítima de uma qualquer (des)organização, a prova do "Grande Equilíbrio Cósmico": o livro volta às minhas mãos, sussurrando-me que está tudo bem, tudo no seu lugar. Dentro do livro, o recibo, premonitório, diz "Tropismes".
"Je n'ai jamais éprouvé de l'amour pour unn beau-fils, je n'ai jamais supplié un père prêt a m'immoler, je n'ai jamais été une mere dont la fille vient d'être sacrifiée; mais tout cela est entré en moi, est devenu une part de moi, a divers moments de ma vie. Je me souviens même que, lorsque j'étais élêve au lycée, en quatrième ou en troisième, notre professeur, qui avait le sens des vers et une fort belle diction, a, un jour, fait résonner ce vers jusque dans nos cours; et je revois encore et la forme de la classe et la silhouette du professeur alors que les vers ont depuis lors traversé ma longue vie. Et, là aussi, je me retiens a peine de remarquer avec reconnaissance le contraste entre les deux vers ou bien la rime feminine qui lie entre eux les deux adjectifs opposés et achève le tout comme une sourde plainte. Ma ferveur, je le comprends bien ce soir, date vraiment de très loin...
C'est une drôle de chose que d'être lá, si âgée, seule chez moi, et de trouver encore un tel bonheur en cette presence qui m'entoure et qui est toute littéraire. Et n'est-ce pas une chance que d'avoir passé toute une vie en contact avec cette littérature, que d'avoir eu la faveur de la commenter si souvent et de parvenir, tout a la fin de ma vie, a en savourer plus intensément que jamais l'incompréhensible plaisir?
Le petit magnétophone, qui repose, silencieux, sur ma table de travail, mérite bien, lui aussi, un petit salut de la vieille dame reconnaissante!"
Merci, la vieille dame!
domingo, 22 de agosto de 2010
To say before going to sleep
I would like to sing someone to sleep,
have someone to sit by and be with.
I would like to cradle you and softly sing,
be your companion while you sleep or wake.
I would like to be the only person
in the house who knew: the night outside was cold.
And would like to listen to you
and outside to the world and to the woods.
The clocks are striking, calling to each other,
and one can see right to the edge of time.
Outside the house a strange man is afoot
and a strange dog barks, wakened from his sleep.
Beyond that there is silence.
My eyes rest upon your face wide-open;
and they hold you gently, letting you go
when something in the dark begins to move.
Rainer Maria Rilke
have someone to sit by and be with.
I would like to cradle you and softly sing,
be your companion while you sleep or wake.
I would like to be the only person
in the house who knew: the night outside was cold.
And would like to listen to you
and outside to the world and to the woods.
The clocks are striking, calling to each other,
and one can see right to the edge of time.
Outside the house a strange man is afoot
and a strange dog barks, wakened from his sleep.
Beyond that there is silence.
My eyes rest upon your face wide-open;
and they hold you gently, letting you go
when something in the dark begins to move.
Rainer Maria Rilke
Etiquetas:
Rainer Maria Rilke
sábado, 21 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
- Mãe?
- Sim?
- Já leu este livro?
- Muitas vezes.
- E como é que acaba?
- Não posso contar.
- Porquê?
- Ora, sabes qual é que é a melhor parte de muitos livros?
- O fim?
- Claro.
- Mas ao menos diga-me se isto aconteceu mesmo.
- Porquê?
- Porque diz aqui que o príncipe levou "uma sonora estalada nas orelhas".
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Mark Twain; O Princípe e o Pobre.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
The Land of Counterpane
When I was sick and lay a-bed,
I had two pillows at my head,
And all my toys beside me lay
To keep me happy all the day.
And sometimes for an hour or so
I watched my leaden soldiers go,
With different uniforms and drills,
Among the bed-clothes, through the hills;
And sometimes sent my ships in fleets
All up and down among the sheets;
Or brought my trees and houses out,
And planted cities all about.
I was the giant great and still
That sits upon the pillow-hill,
And sees before him, dale and plain,
The pleasant land of counterpane.
Robert Louis Stevenson
I had two pillows at my head,
And all my toys beside me lay
To keep me happy all the day.
And sometimes for an hour or so
I watched my leaden soldiers go,
With different uniforms and drills,
Among the bed-clothes, through the hills;
And sometimes sent my ships in fleets
All up and down among the sheets;
Or brought my trees and houses out,
And planted cities all about.
I was the giant great and still
That sits upon the pillow-hill,
And sees before him, dale and plain,
The pleasant land of counterpane.
Robert Louis Stevenson
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
domingo, 15 de agosto de 2010
(...)
She hears, upon that water without sound,
A voice that cries, "The tomb in Palestine
Is not the porch of spirits lingering.
It is the grave of Jesus, where he lay."
We live in an old chaos of the sun,
Or old dependency of day and night,
Or island solitude, unsponsored, free,
Of that wide water, inescapable.
Deer walk upon our mountains, and the quail
Whistle about us their spontaneous cries;
Sweet berries ripen in the wilderness;
And, in the isolation of the sky,
At evening, casual flocks of pigeons make
Ambiguous undulations as they sink,
Downward to darkness, on extended wings.
Sunday Morning, Wallace Stevens
She hears, upon that water without sound,
A voice that cries, "The tomb in Palestine
Is not the porch of spirits lingering.
It is the grave of Jesus, where he lay."
We live in an old chaos of the sun,
Or old dependency of day and night,
Or island solitude, unsponsored, free,
Of that wide water, inescapable.
Deer walk upon our mountains, and the quail
Whistle about us their spontaneous cries;
Sweet berries ripen in the wilderness;
And, in the isolation of the sky,
At evening, casual flocks of pigeons make
Ambiguous undulations as they sink,
Downward to darkness, on extended wings.
Sunday Morning, Wallace Stevens
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Sunday Morning,
Wallace Stevens
Shine on, O moon of summer.
Shine to the leaves of grass, catalpa and oak,
All silver under your rain to-night.
An Italian boy is sending songs to you to-night from an accordion.
A Polish boy is out with his best girl; they marry next month;
to-night they are throwing you kisses.
An old man next door is dreaming over a sheen that sits in a
cherry tree in his back yard.
The clocks say I must go—I stay here sitting on the back porch drinking
white thoughts you rain down.
Shine on, O moon,
Shake out more and more silver changes
Back Yard, Carl Sandburg
Shine to the leaves of grass, catalpa and oak,
All silver under your rain to-night.
An Italian boy is sending songs to you to-night from an accordion.
A Polish boy is out with his best girl; they marry next month;
to-night they are throwing you kisses.
An old man next door is dreaming over a sheen that sits in a
cherry tree in his back yard.
The clocks say I must go—I stay here sitting on the back porch drinking
white thoughts you rain down.
Shine on, O moon,
Shake out more and more silver changes
Back Yard, Carl Sandburg
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Back Yard; Carl Sandburg
sábado, 14 de agosto de 2010
O fogo
"Para o filósofo grego Heráclito de Éfeso, que viveu nos séculos VI e V antes de Cristo, tudo provinha do fogo e tudo seria consumido pelo fogo."
Daqui: De Rerum Natura, lembrando-me umas lições de filosofia e os pré-socráticos.
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Heráclito; Fogo
Artes & Leilões
A revista Artes & Leilões chega sempre atrasada aqui ao Boião. Mas vale a pena:
Eu, por exemplo, gosto destas fotografias
O autor chama-se Bruno Santos e inspirou mais um texto daqueles de fugir, coitado.
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Artes e Leilões
Mais um livro
Que tem fotografias da colecção deste museu: Mariner's Museum.
Escolhi duas fotografias.
Esta, para impressionar os pescadores cá do escritório.
E esta, por razões óbvias:
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Mariner's Museum
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